quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ela tinha acabado de vomitar, e o gosto amargo em sua boca era como todo o mal do mundo...tinha que sair o quanto antes dalí.
Ela caminhou rápido até o banheiro social da casa e se lavou toda no chuveiro quente, passou o sabonete com cheiro de pitanga e não se vestiu, a cama ainda vazia, desde o início deste verão insuportável garantiu-lhe o sono mais tranquilo que já teve em toda sua vida.

E ela não mais sabia a quem agradecer, se ao vômito, se ás águas, se á cama, se ao vento que entrou pela janela...

(Anita fez 27 anos ontem e a sua "primeira vez" foi seu presente de aniversário, junto com uma ressaca nada grave hoje logo cedo.
Ela e eu nos misturamos de um jeito que percorri seu corpo como se me masturbasse e foi como se o toque dela fosse o de minhas própias mãos. Tinha plena consciência que aquela noite decidiria muita coisa na vida dela e na minha, mas me guardei para não dar tanta atenção assim aos pensamentos, ás intuições.
Dei- me para ela e garanti que eu a tivesse toda minha por aquelas poucas horas.

Ando teimando que a vida sabe o que faz.

Ainda este ano que passou, encontrei com ela várias vezes e nunca...jamais tive a oportunidade de trocar alguma palavra com ela, de conhecer um pouco daquela delicadeza e ao mesmo tempo aquela força incrível nos seus pensamentos e propostas para o mundo. Ontem eu a conheci e a prometi muito de mim.

Hoje ela chegou a me ligar depois do almoço, coisa rápida, falando do banho, do vômito e esquecendo dos beijos e de todo amor que jurei ter trocado com ela...Eu a chamei para sair comigo e ela disse que era melhor não. Cinco segundos depois que desliguei o telefone toca e ela quase gritando diz que não consegue ficar nem mais um minuto sem mim, que não tem como isso tudo ficar assim, que tem certeza que eu sou o amor da vida dela e pergunta meu endereço, eu a dou sorrindo e decido trocar de roupa para a receber. Um carro vermelho e muito rápido estaciona e buzina lá em baixo, ela desce e sorri ao me ver pela janela.

Não há porque dizer muita coisa pois as coisas não são motivo de muita explicação...

um certo retrato que ainda esta semana me permiti tirar de minha própria parede me contou muitos segredos que me fizeram derramar algumas lágrimas fajutas e idiotas, que nem tinham mais por que vir...mas vieram...
Tirei uma foto que pensei que carregaria para sempre comigo, em paredes ou em pensamentos, mas tirei e rasguei, joguei bem longe e nem lembro que roupa eu usava, muito menos a da pessoa que me abraçava forte.

O esquecimento é um dom, mas também, podemos dizer ser um presente...uma felicidade. Esquecer para crescer, para caminhas, para aprender coisas novas...
não quero mais passado, meias velhas, receita batida, nóias mantidas por anos.
Eu procuro o espanto de um telefonema, uma visita bem vinda, um sorvete no fim da tarde com conversas fiadas, eu estou vendo e amando o sentido das coisas menores desta vida, caminhando para a novidade, para o auto conhecimento e cuidado próprio.

Hoje já tá bem tarde e ainda escrevo, ela já foi para casa, amanhã pode ou não ligar, nossa transa não foi tão boa como ontem e isso me fez perder cerca de 70 por cento da idéia que tinha de amor eterno, hoje não vi seu olhar tão profundo quanto ontem, e ela deve ter percebido a mesma, coisa, fragilidades que só o álcoo nos perite de vez em quando...

e eu vou seguindo, porque não?

fotos assim como pessoas, ficam, enchem de poeira, são admiradas, são guardadas, expostas, escondidas, rasgadas, deixadas, reveladas...
Quero o que me faz bem e não devo nada a ninguém a ponto de ter medo de escrever, dizer ou sentir que a minha única obrigação é comigo mesma...ou não, vai ver que aquela história de cativar e ficar responsável é verdade... mas se for, porque tanto desencontro...vai ver então a responsabilidade é quando é via dupla, com ida e vinda, igual...AÍ SIM!!! mas caso contrário a responsabilidade fica chata, fria, vazia e nem faz sentido.