sexta-feira, 21 de agosto de 2015

segunda-feira, 22 de junho de 2015

crua

Senti então aquele frio na boca do estômago, que eu sei, não tem boca, e isso aqui não tem nada de frio, mas a gente acaba falando "frio na boca do estômago", porque todo mundo entende esta descrição, sei lá... A gente fala cada coisa esperando que a pessoa vá entender, mas que não é exatamente o que cê queria dizer, nem o que cê tá sentindo.
E eu tava sentindo era medo, senti uma coisa estranha que ninguémo vai saber o que é, porque quem sentiu fui eu.
Ali, parada em sua frente - congelada em sua frente -
Senti medo do meu medo, mas os sentimentos vêm sem que a gente queira e o mundo espera que a gente saiba lidar com eles.
As pessoas esperam que a gente saiba lidar com eles.
E eu queria saber lidar com eles.
Meio caminho andado, meia estrada que encontrei. Assim com uma cratera no meio dela que não dá para a gente passar pro outro lado. A não ser que a gente desça na cratera, passe pelas pedras gigantes e ainda quentes, deve ter caído um meteoro aqui... E somente desta forma escale para subir novamente na estrada, que, como sempre, continua.
Entrar na cratera exposta na estrada é arriscado, mas é o único jeito. Não tem beiradas, não tem contorno.
Sentir a cratera para conseguir passar dela é uma arte. E exige preparo... mental.
Mente
Preparadamente
Destorce o preparo, entrega a mente, desfalca a atitude, que sempre se tinha por aqui.
Me peguei com medo de minha falta de ação, no meio de meus devaneios ia me perdendo na cratera gigante exposta em mim, por você.
Sua presença me faz crateras, me deixa em carne viva, e me faz descompassar nos passos outrora tão firmes e cheios de razão, certezas...
Senti naqueles minutos meu ser diminuir diante de sua vidência, e sua sensibilidade me diluiu a quase nada.
Perco tempo, passa hora, assustadoramente me vejo caminhando no escuro. Tudo aqui está diferente, já não respiro nem penso como antes, o processo é frenético, faltam poucos dias para ir distante e este tempo me que resta não cabe em mim, não sei o que fazer com ele, não sei sentir com ele, assim, passando ligeiro. E você insiste em me martelar a carne. Então te adoeço sem querer, e me aqueço numa febre emocional, demonstrando meu medo de amar neste buraco profundo que acabei de entrar.
Meus passos e meu jeito de me entregar são tão perversos quanto as tuas marteladas, e cada um deve ter o seu modo de sofrer tudo isso. Saber lidar com o amor que me cabe é tão difícil quanto saber lidar com o seu amor e sua maneira de expressar. Não menospreze quem te quer tão bem, mastigue com calma e vamos saborear antes de engolir. O peito dói, a boca amarga e sinto palpitar forte um coração tão carente quanto estes mundos: o meu e o seu.
Não tem escapatória, estamos dentro da cratera e desistir aqui não é uma possibilidade, não condiz com a vida toda que temos pela frente, nem com este amor todo que temos por todos os lados. Segure firme minha mão e meu medo, segure firme tudo que sente, pois por aqui estou tentando segurar também. Estou aprendendo a lidar com o amor e com esta dor toda de amar, de doar, de cuidar.
Não martele o coração que te carrega desde o dia que te conheci, que não soltarei de sua mão com anéis coloridos. Me desculpe assim todo mal entendido, ou qualquer outra forma de confusão, causada pela nossa comunicação...que não vai muito bem, obrigada. digo...perdão.
Não me deixe na cratera sozinha, com este medo todo no peito.
Me de a mão, me de o pé, me de o coração, me de e se permita viver esta paixão. Creio que você também tem medo, isso aqui é assustador, bate um susto, ligo um carro... Sem motor, peço ajuda, faz de conta, pegue o lápis, faz a ponta, escreve que me ama, assim, neste guardanapo que peguei do chão...
Mas não solte de minha mão, que juntas somos mais fortes que este lugar escuro. Vamos subir, ver a luz do dia, descomplicar a vida, buscar alegria... Tenho medo, assim como qualquer pessoa, mas venha mais um passo que a gente se bate, se junta, se mistura, embola este medo todo... do amor e da chuva. (Que inventou de cair também por aqui)

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Queimando

(...)
E me devorando dentro daquela madrugada, com seus lábios dentes e dedos, me roendo até os ossos mais pélvicos e inimagináveis, ia me dizendo tudo que queria ouvir (e nem sabia), ia me percorrendo o corpo com segurança e precisão em movimentos mais gritantes que meu batom vermelho espalhado nela.
E me destruindo o penteado e as roupas, me roubou de maneira avassaladora para seu mundo.
A encarava de frente enquanto a sentia dentro de mim, forte e constante, enquanto isso, jurava pra mim mesma nunca mais sair do meio daquelas pernas, e deixava a madrugada ir embora, dando boas vindas à quarta feira de cinzas em alto e bom som no embalo de nossos orgasmos e sorrisos.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Pra lembrar

Não queria guardar para outro momento, ou deixar isso tudo aqui esfriar, só para te passar sem medo.
Está latente, fervendo, e o que mais me atormenta neste instante é essa minha incapacidade de conseguir falar,
berrando aos quatro cantos deste quarto e deste mundo o que entala no peito e pulsa no coração.
Escrever é a única coisa que me cabe.
Não sei se te contei, mas sempre que te vejo, uma marcha de carnaval ecoa dentro de mim, e as serpentinas que acompanham o sopro do trompete, vão lá em cima naquelas diversas cores, sabe?
... Não lembro muito bem que cores seriam estas,
mas diante destes momentos, simples e bonitos, sei que são diversas.
Naquela noite tudo foi muito diverso, as melodias as companhias, uma mistura tremenda de suor de gente, com todo tipo de energia...
E de expectativas.
A iluminação falhando, a banda, acho que tocando, creio que cantavam. E tudo tremia.
Não, meu bem... Na verdade eram nossos corpos que tremiam.
Creio em tanta coisa, meu bem.
E nas pequenas voltas que seu cabelo negro dá, vou tentando acreditar em um pouquinho de cada certeza que tenho.
Não sei porque, mas acreditei em você desde aquela noite de suor, e não me arrisco em sair debaixo de suas voltas, negras.
Ai! nossos corpos combinam... Tão bem quanto nossos planos...
E tem certas coisas que faço questão de lembrar.
Lembra de teu pedido de namoro?
Acho que aquele foi o pôr do sol mais... Perfeito de minha vida.
No meio da terça de um carnaval nada comum, te dei um sim, que já vinha pulsando em mim.
Costumo dizer sim para suas propostas malucas.... Certeiras.
A tua loucura completa a minha, assim como... Teus sentidos.
Você o olfato absoluto, eu o tato doentio, perverso e necessário que por vezes pretende voar mais que borboleta, correr mais que seu carro na estrada.
Lembra do bicho preguiça em nossa última viagem?
Te dava carinho assim, no seu cangote enquanto a estrada passava correndo lá fora, e nós sem pressa nenhuma ouvindo Elis Regina, pensando em absolutamente, em nós mesmas.
Lembro do preguiça... Lembro de tua agilidade com o carro e teu cuidado para não machucar ele. Nem você nem quem vinha atrás poderia ferir aquele ser... Lento, lindo, e bobo, como nós.
Não me canso de te acarinhar, meu bem. Nem de percorrer tanto verde com você na direção.
Hoje não quero horário.... Vamos fazer nossa programação informal?
Desligar o mundo, os celulares e as preocupações. Vem!
Vem meu bem, que hoje e sempre estaremos conectadas, estes confetes mágicos ainda nos enfeitam a alma.
Vem, sente aqui.
Perceba...
Perceba meu bem. Não temos mais o que temer.
O vento está a nosso favor e foi ele mesmo que nos juntou, saindo de sua boca, soprando carnaval em mim.
E neste instante, tudo parece caminhar naturalmente.
O meu coração acelera, mas minha cabeça pede calma, e tudo se equilibra...
Vem dançar comigo porque eu te amo e nossas composições serão tantas, que enfeitaremos nossa casa com melodias e sonhos.
Nessa tarde te espero, sei que já vai chegar, na mala tem saudade e uma sandália de presente...
Muito obrigada pelo carinho!
Não vou descongelar o camarão, acho que hoje comeremos pizza, podemos fazer a massa ou sair por aí.
Mas vem!
Que eu me entrego com amor ao seu colo e destino, e não tenho medo do furacão que pode vir, que pode não vir.
A gente nunca sabe dos fenômenos naturais, mas esta janela não me cabe, tem grades enferrujadas.
Traga seu gato e cachorro, traga suas malas.
Não precisa de guarda chuva, nem de guarda sol, nós nunca guardamos nada neles de verdade.
E vem...
Que esta nossa música e história tá sendo feita com ajuda de muitas mãos...
Do além.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Terra e fogo


Já ouvi dizer coisas demais sobre astrologia,
cosmos,
almas,
energias.
Já tentei entender isso de inexplicável,
de infindável,
de belezas em melodias.
E percebi que não faz sentido algum passar batido,
sem ver motivo,
sem ver o amor por traz de tudo isso.
Já cansada, desatei então o nó da minha cabeça e da camisa dela,
pra o abraço vir despido de tudo que carregamos da rua - cheia -
Ainda cansada, me agarrei no sonho e no cabelo dela,
procurando me aninhar nos seus braços abertos- para nós -
Ando cansada mesmo...
Mais que nunca, mais que nada... sempre há forças!
Me falaram muito disso de simpatia,
beleza,
calma,
harmonia.
E percebi sentimentos ligados a isso de fé,
isso de coragem,
de querer encontrar a sintonia
... Dentro de dois seres,
que estão dentro de um mundo
e fazem este mundo se adentrar de repente em muitas viagens e paisagens.
Quem sabe?
No canto da cama, no centro da cidade,
entrego minhas verdades, ouvindo com atenção as dela.
(Com cuidado para não esquecer).
Cheiro,
sons,
imagens.
Estou entregue à esta terra que há de me comer.
Esta terra que faltava em meu mapa feito de fogo.
Sentindo o coração, ouvindo a cabeça, mesclando os beijos e anseios aos delírios e sonhos.
Todos eles cansados, como eu, de vagar por aí.
E devagar por aí seguiam (...)
Então talvez pensem estar apressado todo este amor,
e vindo na contramão do vagar que eu vinha, e da solidão que por vezes batia.
No fim do dia
No deitar com medo
No acordar sem beijos
Que ela fez ir embora com estes dias.
Já ouvi falar demais em saudade, mas nunca se sabe de verdade o que ela quer dizer, antes de poder sentir.
E cada vez é novidade,
nunca se tem a mesma vontade
jamais se tem o mesmo amor.
Estou entregue à terra do mapa dela.
Traçando um percurso novo,
e mostrando um sorriso bobo, pro bobo sorriso dela.
Botando fogo em tudo que precisa renascer, queimando e me situando,
amando e claro sambando, na terra onde quero viver.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

pareja brega




Não tem drama, a relação aqui não é casual. (Eu ouvi casal?)
Não é igual, é menos normal.
Então implica, descomplica, entende, ajuda, dá o tom, vem no compasso, olha a rima!
Que cisma!
Não é que combina?
A roupa, e a cara lavada...
Então faz de sonsa, me dá bronca...
Poxa, já pedi a conta!
E pela terceira vez!
Costuma querer caneta e atitude,
E eu costumo acompanhar as batidas do tambor.
Não tem mistério, o lance aqui é direto.
Como dizem, papo reto!
No bar ou sofá,
Tem coisas que não dá pra explicar,
É festa
É choro
É motivo pra tá junto
É um tal de querer bem, é um misto de brega e rock.
Um meloso, com momentos de não-me-toque.
De frente eu encaro, imagino então um retrato,
Não dá tempo, corre, é outro momento,
Que pressa!
Não é que apega?
O natal, e o carnaval...
Então tudo começa a fazer parte desta história
Claro que ás vezes falta memória.
Coisas de quem come muito queijo...
Eu então confesso meu desejo,´
de querer estar pra sempre:
Num sorriso do coração que bate,
Na vida duma mulher valente.
Gente...
É que você me surpreende!
Calei por alguns minutos...
Cê ainda tá aqui, tá vendo?
É bonito até este momento,
Como pode haver beleza no silêncio...
Então vem um sorriso bobo,
Um papo furado, e uma conversa tão intensa quanto alguns de nossos dias.
E dorme.
Eu durmo
Eu acordo, e você dorme mais um pouco.
Eu sempre reclamo torto, mas não mais que você.
E é melhor deixar de tentar entender qualquer mal humor.
Afinal, chamam isso de amor.
Um negocio que é tão bom de ter, assim, guardadinho,
mas também dado, feito, espalhado, sentido e multiplicado.
Entre a gente, e o resto do mundo,
Que um dia, inda te levo junto
Pra dar uma volta nele.
Com um fundo musical feito por nós mesmas,
Batendo o ritmo em qualquer mesa,
Que ousar fazer parte deste caminho.