segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Ana

“Mastiguei, tentando saborear lentamente... Pausei - fechei os olhos - continuei... Degustei cada segundo que estivemos ali. Sua presença negra aguçou meus sentidos, cravando em meu corpo um desejo antigo...

A época do ano era de festas... Não lembro se de natal ou páscoa. Algo ligado a Jesus, morte, vida... Não lembro mesmo, mas lembro de que ela iria visitar a família que morava distante, então corremos pra nos ver, demos um jeito na chuva forte da cidade. Fizemos ela parar para podermos ir á praia, assim... só pra sentir a brisa da noite. Afinal, o sol não era muito o forte de Ana.

Corremos para nos ver, e além de darmos um jeito na chuva demos um jeito também no tempo, ele teve de aparecer em nossas vidas corridas, e quando apareceu, fizemos ele passar bem devagar e ser só nosso! Marcamos na lanchonete da Neide, sempre íamos lá tomar sorvete de açaí, conversamos um pouco sobre a vida das borboletas e ela me levou no mar para vermos a lua cheia. Achei meio deserto, mas com ela eu me sentia segura. “tire a blusa!” falou, como sempre, cheia de certeza e eu... Sorri, como sempre, cheia de dúvidas. Então sua boca me esquentou o peito, quem sou eu para não obedecer aos seus pedidos tão certeiros?

Fazia tempo que não me sentia daquele jeito, acolhida num mundo tão desconhecido, então fui sorrindo com menos dúvidas e levei ela pra casa.

Nos mastigamos.

Quando amanheceu, despertei num susto e ela não estava mais lá, ainda procurei no banheiro, na cozinha, olhei a garagem... Sua moto não estava. Deu trabalho aceitar, aí fui tomar banho.

Liguei ainda umas três vezes pra Ana, queria saber como pôde ter saído tão cedo e sem se despedir de mim. Mas ela só me atendeu na última tentativa, já era noite e ela falava meigo, falava calmo. Em contraste com minha pressa e tumulto de palavras soltas, ela pausadamente dizia que já era tarde e queria dormir, que a família dela estava toda reunida e que deixou um presente para mim embaixo da cama. Fui correndo abrir, com ela pendurada no meu ouvido. Agora ela cantarolava alguma coisa de Caetano, eu continuava falando palavras soltas, como “saudade”, “lua” e “fugir”, mas parei a desordem da fala quando desatei o laço vermelho, uma boneca delicada sorrindo pra mim, me acalmou. Ao abraça-la, ela tocou uma música tranquila. Desliguei o telefone, arremessando ele no cantinho da cama.
Fiquei calada o restinho da noite e adormeci com ela dentro da boneca, com vontade de mastigar mais um pouco. Na verdade, de digerir aquilo tudo que sentia...
"Coração bobo, coração bola, coração balão, coração São João. A gente se ilude dizendo já não há mais coração..."

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Passa... Assim como tudo na vida.

“...Entendo tanto da vontade e do desejo de querer ir além de um beijo, quanto da consciência de que isso não pode acontecer...” esta frase dela ficou gravada em minha cabeça a noite toda, em uma parte das manhãs e tardes desta semana longa. Mas que graças a deus, acabou.

Estive bem pensativa, bem “sentindo”.

Às vezes me pego lembrando do movimento das ondas e das línguas, e misturado a tudo isso uma alegria inexplicável daquele instante, daquela tarde de conversas infindáveis, bonitas, sintonia incrível e alguns cuidados com as palavras ou com os corpos, não sei...mas tinha que ter cuidado, afinal de contas, se por um acaso descuidasse, estaria em questão de segundos, deitada sobre ela na areia, retirando facilmente o biquíni e esquecendo completamente os (inúmeros) vizinhos de mesa do bar...Por isso, cuidei de cuidar de alguns pensamentos e movimentos para que tivesse o mínimo de controle de cada um deles...

Fato: somente o sol estava mais forte que meu desejo, e ele chegava a doer, mas cada gole de cerveja o acalmava mais um tanto, esfriava a cabeça cheia, e trazia mais sorrisos, em nós duas. O jeito dela me fazia sentir leve, calma e ao mesmo tempo, muito viva, muito “eu”, a ponto de eu falar, sentir e fazer coisas iguaizinhas a... Mim mesma, assim, bem de verdade, sem nada a esconder. Isto me deixou feliz.
Mas, ao mesmo tempo em que encontrei esta sintonia, esta cumplicidade, algo assustadoramente bom e repleto de sensações tão doces como uma chuva ao final de tudo...eu estive preocupada e posso dizer que um tanto triste, pois sendo tão “eu mesma” assim...não seria possível de forma alguma deixar ela voltar pra casa sem antes provar um pouco do seu beijo, sentir seu corpo...minha natureza fatalmente me levaria a fazer algo que decididamente não podia (pelo menos não esta situação atual). A Manoela é namorada de um grande amigo meu, e nem ele, nem o universo poderiam ter evitado aquele beijo. Apenas eu...ou ela...mas não o fizemos.
Trazíamos os mesmos cigarros na bolsa, o mesmo sorriso na boca e um desejo que também acho que foi igual, mas assim, bem escondido (com muito trabalho). Estava claro, obvio demais até, que este clima já rolava, e eu, ela, agora ali, sozinhas, sem amigo(s), sem freios nas palavras, mas ainda com freios nas ações/que bom. Estava claro demais que eu ia fazer aquilo, mas sou boa nestas coisas de tentar me enganar com frases prontas do tipo “não...isso não vai acontecer...”

Manoela e seu beijo me acompanharam esta semana. Meu amigo não me ligou estes dias e minha preocupação passou de leve para moderada, eu diria... Mesmo assim troquei mensagens com ela, parece que estamos entendidas e que as duas têm plena convicção que ali foi apenas uma queda inevitavelmente-boa, e que isso não deve se repetir, pois eu particularmente acho bastante perigoso, um tanto arriscado demais para tentar. O problema é que até isso me atrai.

Nunca mais havia fumado tanto em tão pouco tempo, bebido tanto em tão poucas horas ou escrito tanto em tão poucas linhas. Isso também me faz sentir mais viva. Mas o trabalho, as aulas e a casa para cuidar têm me ajudado a fazer e pensar outras coisas e a aliviar mais este sentimento estranho de medo-alegria-medo.
Trata-se somente de mais uma mulher encantadora e proibida que cruzou meu caminho, tenho que entender assim, retirando maiores e profundos pensamentos sobre isso.
Uma semana antes desta ida à praia, meu amigo e eu fomos beber algo com vodca em um restaurante muito fino, com musica muito boa. Ele falava de Manoela a maior parte do tempo, eu tentava entende-lo. Ele não estava muito feliz, e isso acabava comigo, pois nossa amizade já tem anos de carinho e cuidado, o conheço bastante e por vezes ele nem precisa falar nada para que eu entenda o que está sentindo. Imagina assim, abrindo o coração comigo, olhando tão dentro de meus olhos e dizendo que não sabe o que fazer...

Jorge é namorado da Manoela, ele tem 30 e ela completou 24 semana passada, já têm um ano de relacionamento e os signos até combinam. Ele é apaixonado por ela, e hoje, uma semana depois daquela praia com ela, isso é o que mais mexe comigo... tenho um misto de decepção com a maldita alegria.

Conheci o Jorge no colégio, ele sempre teve um cuidado comigo que me cativou de cara. Bebíamos escondidos ao final da aula (quando conseguíamos esperar ela acabar) e na faculdade de artes também estávamos bastante juntos, nos trabalhos em grupo, nas festas de final e começo de período...depois de formados nunca nos afastamos por completo. Me faz bem estar com ele, e deve ser recíproco afinal de contas sempre posso contar com o Jorge e ele comigo.

Mas tenho que parar de pensar nestas coisas, minha consciência me machuca um tanto se estaciono demais nestas lembranças. Afinal, foi só um beijo. O que é que um simples beijo atrapalharia esta amizade de anos? Nada. Só mesmo este apertinho aqui no peito que já está chato de sentir e que nunca vou poder compartilhar com ele. Será uma das poucas coisas que não divido com ele. Mas acontece que as cinzas destes cigarros baratos já estão deixando a sala toda fedida e preciso me levantar, fazer algo em relação a isso. Tentar não pensar muito nela, nem em seus seios, nem mesmo em seu jeito. Sair com outros amigos para parar de escrever...

Abro a geladeira e tiro uma cerveja gelada o suficiente para me fazer desistir da possibilidade sair da sala fedida. Acendo mais um cigarro, faço um brinde sozinha e pego a caneta mais uma vez. Ainda acho que ela é uma companhia maravilhosa nestas horas. E assim se foram as cervejas claras e as escuras, até mesmo aquela em lata, que já havia congelado e descongelado três vezes devido à queda de energia no prédio semana passada.

Enfim, adormeci até o dia clarear e depois de um banho muito frio e necessário, fui trabalhar. Repeti isto os cinco dias úteis, torcendo pela chegada dos inúteis, e a mesma coisa por quatro semanas. Enfim, um mês se passou.

Jorge me chamou para sair umas duas vezes neste tempo, eu sempre estava livre e disponível, mas dizia o contrário, tentando evitar um olhos nos olhos. Mas hoje não teve jeito, ele passou aqui em meu apartamento e buzinou bastante de lá de baixo gritando “Vamos para praia Janaaa!”.

Não tive como dizer não, dizer que não podia...o convidei para subir enquanto me arrumava, ele pegou uma cerveja na geladeira, a sua preferida e uma das que eu menos gostava, mas havia comprado ontem umas 20 delas devido a uma promoção incrível. Ele abaixou um pouco o som da sala, tocava algo em inglês, e bebeu duas ou três garrafas, conversando alto comigo sobre o trabalho que estava fazendo no museu da cidade. Parecia bem animado. Enquanto isso eu escolhia um biquíni bem colorido, recolhia na bolsa o protetor solar mais forte, os óculos de sol que acabei de comprar e uma canga acaso fossemos sentar na beira do mar.

Cheguei à sala e aumentei o som, peguei um gole generoso daquela cerveja amarga, porém barata, olhei para Jorge e ele para mim, trocamos alguns sorrisos mudos e ele, vindo ao meu encontro, com o corpo e com a alma, abraçou-me forte. Disse que estava me achando triste e que isso iria passar, seja lá qual fosse o motivo. Pegou minha bolsa da mesa, colocou meus óculos escuros em meu rosto e roubou mais umas três cervejas antes de sair pela porta da cozinha. Não sei por que merda ele insiste em sair por esta porta!

Entrei no carro vermelho, estava estranhamente limpo e cheiroso. Jorge não é muito bom nisto de cuidar das coisas dele. Fomos ouvindo na rádio uma mulher cantar, tinha uma voz bastante aguda, e Jorge enlouquecia cada vez que ela gritava. Eu comecei a entrar no clima deles dois e parecia um especial dela, uma homenagem dessas de aniversário de morte de um cantor...não sei. Mas gostei demais daquela voz.
Jorge me levou para um lugar da praia que nunca tinha ido, era bem distante e não havia bares, casas, pessoas... Tinha muitos coqueiros e uma vista linda. Ficamos conversando e bebendo as cervejas, já quentes. Ele estava bonito, barba feita, conversa fiada, cafuné em meu cabelo, olhares compreensivos e tudo que precisava naquele fim de tarde.

O sol foi embora e decidimos sair dali, estava ficando meio estranho e escuro... Ele comentou de Manoela umas duas vezes durante as conversas, parecia tudo bem e fiquei mais aliviada. Não fiz muitas perguntas sobre ela, como era de costume, não pedi para chamar ela, como era de costume. Ficamos só nós dois. Como antes.
Saímos da praia e fomos tomar cervejas, geladas, lá em casa.
Manoela ligou para Jorge quando estávamos ainda na quinta cerveja, lembro muito bem disso porque as ímpares eu que ia buscar na geladeira e Jorge as de número par. Estava na cozinha quando o ouvi falar com ela, carinhosamente prometendo não demorar. Foi aí que sorri sozinha, com a geladeira aberta e finalmente me acalmei. Tudo estava bem...

Nada mais de medos ou receios quanto à amizade com o Jorge. O desejo por Manoela ainda não acabou, infelizmente isso não dá para controlar tão bem, mas pelo menos (acho que) sei o que posso fazer para ir acabando com ele aos poucos. Penso que sumindo um pouco dela ou então não me colocando outra vez naquela situação de tanta proximidade dos corpos. Sei que mais cedo ou mais tarde vou vê-la, espero que com o Jorge do lado, espero que com menos beleza no rosto, espero que com menos sensualidade no corpo.

Enquanto isso os dias e semanas continuam a passar, bem como tudo na vida.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Equilibrando, por acaso. Ou não.



-‘Oi... Não vai entrar?’, falou assim, meio baixo, quase sussurrando. Era costume ela esconder a voz tão bonita. Olhei ao redor: Ninguém (e isso era raro acontecer por ali, por aqui também). Não tinha como não aceitar o convite, que vinha tão verdadeiro e cheio de vontade, das duas partes. Entrei...

(Já era tarde, umas dez, onze horas da noite quando a encontrei pela primeira vez, usava preto, e logo depois soube que era sua cor favorita. Nos encontramos numa praia, amigos em comum, coisa e tal, parecia obra do destino mesmo. Mas sempre fico naquela dúvida, se o “acaso” existe ou se realmente já está tudo escrito. ‘Pegue aqui na minha mão, né?’, falou bem assim, como se fosse algo óbvio. Ela tentava subir na corda do slackline esticada entre dois coqueiros, mas por ser sua primeira vez, teve bastante dificuldade, e eu, estando ali ao seu lado, por acaso, ou não, segurei firme sua mão, ajudei ela a subir e tudo aquilo se equilibrou em mim. A morena e o momento.
Também por acaso, ou não, nunca mais nos encontramos pela cidade depois daquele dia. Tivemos apenas algumas conversas por telefone, falando do mundo, da vida e principalmente de nós mesmas. Incrível como era gostoso escutá-la e poder falar de mim, assim, com tanta verdade junta. Ás vezes sumíamos por acaso, ou não. Mas sempre reaparecíamos em mensagens, e-mails, telefonemas... Assim, do nada. Só pra lembrar que ainda havia lembranças. E havia ali uma saudade muito forte daquelas poucas horas que nos vimos, era uma saudade também do que nunca teve... Mas que existia em nossos pensamentos, imaginação e até sonhos.)

... Entrei...
Finalmente nos reencontramos e não fazia sentido ficar do lado de fora, chovia forte e lá dentro parecia gostoso. Eu senti vontade de correr e abraça-la na velocidade de um foguete, mas meu corpo encharcado freou e sorriu. O dela também sorriu, e aquilo então se equilibrou em mim como em corda bamba.
Na velocidade do desejo, embaçado no quarto escuro, onde revesavamos entre o quente e o frio. Na velocidade daquela saudade: Cama, mãos, TV ligada e nós duas ali, ao vivo. Fui despindo aqueles meses de distância com a boca e encontrei o encaixe perfeito nos seus seios. Fomos matando a curiosidade sem receios, conhecendo os gostos musicais pela língua e pelo beijo, que percorriam agora todos os quilômetros que nos separavam. Reconhecendo os traços, os olhares vistos nas fotos, reconhecendo inclusive o cheiro, que até então não se sabia, mas se imaginava...
E se imaginava tanta coisa, que seria preciso muito tempo para então 'se saber'. Deliciosamente experimentamos as possibilidades criadas pela imaginação, e na hora de partir ainda faltava muita coisa, inclusive tempo...
O tempo desta vez foi bem cruel, inventou de passar ligeiro e não me permitiu ficar mais. Acabou rápido, se foi... Mas foi ele também que juntou a gente né? Tem todo direito de acabar, assim, por acaso, ou não.
É dar tempo ao tempo, esperar ele cuidar das coisas e ficar assim, no mesmo desejo, agora talvez mais forte... Não sei. Mas tentar equilibrar as coisas por aqui.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

"do baú"


meu:

Tão intensa que assusta. E afasta. E ofusca, mesmo de manhã quando prende o cabelo. Tão intensa que chega a doer os ossos. Choque térmico. E principalmente quando me olha do espelho e sorri. Queima. Porque qualquer olhar não é só um olhar. Corta. Porque qualquer sorriso não é só um sorriso. Sangra pela pia todos os meus sonhos. E os temores. As inevitáveis dores. Tudo na mesma intensidade. O problema é que não existe intuição no amor. No amor só existem degraus. Aqueles degraus que você vai subindo.


dela:

Parecia uma maluca dançando. Descoordenada. Solta. Alucinada. Era bonito de se ver. Com o corpo meio derretido, suado e vermelho. Tinha olhos de gato. Faiscantes. Negros. Esquivos. Me pediu uma cerveja. Assim mesmo - 'pega uma cerveja pra mim' - como se fossemos amigas. No minimo como se me conhecesse. E eu - ainda sem saber por que - fui pegar. Assim mesmo,submissa. Robótica. Hipnotizada. Levantei e fui. Quando voltei ela ainda dançava. Pegou a lata gelada, deu um gole e me beijou. Lábios macios. Gosto amargo. Cheiro de fruta. Seria pitanga? Dentro do nosso beijo surgiram outras bocas, línguas, mãos, peles. Outros corpos. Música. Fumaça. Dança.

Uma saudade que Vivi

De repente anoitece,
a cidade vai dormir.
Calada, fico imaginando o que acontece,
Naquele “você sem mim”.

Não entendo como tanta saudade
Pode caber assim em meu peito.
Lembro então de sua vaidade,
borrada no batom vermelho.

Ah! Que vontade que eu tenho,
de saber qualquer coisa sua.
Às vezes fico até sem jeito,
pois esta vontade pode não ser a tua.

Não sabia que você era assim,
algo tão forte pra mim.
Não imaginava que essa saudade,
fosse tanta maldade,
E doesse tanto... Enfim!

Enfim te escrevo,
já não deu para aguentar.
Faltam ainda quatro dias,
para eu talvez... te encontrar.

E aí então eu prometo,
vou entrar em teu peito,
E matar a saudade do verso que tem nele,
Tatuado,
Marcado.

E aí então eu garanto, a saudade vai embora.
Pra quem sabe voltar logo em seguida,
Mas, pra quem sabe, ser menos doída,
Que esta noite, que este “agora”.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Menina e a Morena...

Ela fica meio que sem jeito,
num susto te encontra no meio da multidão,
e um batom vermelho, num sorriso grande, é retribuído...
A morena sorrindo então, te abraça.
Já tinha saudade!
Saudade é uma coisa que ela sempre tem.
De você, das coisinhas pequenas,
das coisinhas grandes... Belas.
Vocês não se viram antes de ir embora
e a noite tratou de separar os sorrisos largos.
Menina...
Moça de jeito único, e como dizem... forte, verde!
A morena te quer tanto bem.
Menina...
Ela tem uma vontade de te levar no mar,
ver seus cabelos na água,
sua cintura na areia.
Vontade também é uma coisa que ela sempre tem.
De você, dos lugares, dos momentos.
É uma sede de viver...
Ai moça!
Será que este tambor dentro da morena é escutado por você?
E esta sintonia? Coisa bonita de ver.
Acho que este sentimento todo e inexplicável,
cabe tanto lá quanto aí,
muitas histórias se foram e muitas ainda estão por vir.
Já ouvi falar muito de amizade,
esta coisa gigante e intensa.
Mas não tinha noção do quanto de amor isto tudo carregava.
A vida tem ensinado à morena,
coisas assim...
eu diria que, coisas simples e bonitas de aprender.
Aprender com vócê é uma das coisas que ela mais gosta de fazer.
Ai menina!
Não some mais...
Sambe e sorria com a morena,
mande poesia, carinho e mensagem,
assim, só quando sentir vontade...
E que ela sempre venha!
A morena gosta de você, do jeito que você deixar.
Mas sempre com sorriso, sempre com o olhar!
Que não se percam.
Menina...
Morena...
Passarinhos!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

a cor...

Desordem?
Bagunça?
Não... É Revolta!
NÃO QUERO QUE FINJAM QUE TÁ TUDO BEM!
Quero que minha cor grite e palpite, bombeando meu sangue em todos vocês.
Meu sangue e meu suor, meu ritmo e minha matriz africana...
Trazida de minha terra numa viagem desumana, numa viagem que não desejo a ninguém...
A viagem demorou e doeu, mas doeu tanto, que não imaginei que ainda houvesse dor maior que aquela.
Foi então que cheguei, e vivi as dores diárias e eternas da escravidão.
Açoite, fome, trabalho e opressão.
Meu orixá teve de ser escondido em imagens brancas,e minha dança agora só podia acontecer escondida, dentro de mim.
Eu também ia me escondendo... no medo! Eu ia suplicando por forças...
Fugi algumas vezes e me torturavam ca-da-vez que me pegavam de volta.
Aquela dor me dava vontade de morrer!
Mas eles nunca me matavam, me deixavam lá... sofrendo...
E realmente não sei de onde consegui força para tentar fugir outra vez, para tentar ser livre!
Hoje, milhões de “mim” estão “livres” pelo Brasil.
Uma liberdade escondida no medo e em imagens brancas.
Hoje, milhões de mim fazem viagens desumanas, sofrem tortura, dançam escondido.
A escravidão continua, o preconceito é muito forte.
Não, não venha falar de mim, eu tenho boca!
Tenho uma boca do tamanho desse mundo que me açoita diariamente!
Que me faz esticar meu cabelo, rezar o terço, procurar “meu lugar”.
Meu lugar é onde eu quiser!
E minha cor grita por liberdade.
Mas não por uma liberdade assinada por “mãos brancas de princesa”.
Minha cor quer sua liberdade por si mesma. Com sua beleza e com sua história.
Não sou descendente de escravos.
Sou descendente de Africanos que tiveram sua paz, família e vida roubadas, violadas.
(...)
Incenso então todo o meu corpo e num banho de folha renovo minhas forças,
mas não mais pra fugir.
Renovo as forças para permanecer aqui.
Lutar aqui e viver... bem aqui,
E onde mais eu quiser ir.
Eu não posso fingir que tá tudo bem.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"Assim como faz com o amor"


Bunda, peito, tudo em seu devido lugar, assim, pele quente e negra, cerveja sempre gelada no copo, batom sempre vermelho nos lábios carnudos. Notava-se que ela se permitia sentir, pensar e fazer, guiada pelos seus impulsos criativos. Poderia então ter saído daquela roda, daquele meio de conversas quase agressivas do bar. Mas até então não havia mais para onde ir. Agora bastava beber até vomitar. Vomitar é melhor do que morrer engasgada de tanto tentar engolir, como quase fez com o amor mais cedo.
Mas, ela disfarça, e dá um trago no cigarro profundamente, assim como faz com o amor de vez em quando. Então solta a fumaça e o cabelo, pra se sentir menos exposta no meio daqueles olhares sedentos. Olha pra baixo na intenção de achar motivos, inspiração, ou algo melhor que aquela música chata, que aquela saudade louca. Nada. Levanta o rosto, joga e pisa o cigarro ainda aceso, como faz com o amor de vez em quando. Saindo então pela mesma porta... Pela mesma e maldita porta que chamam de vida. O problema é que a vida sempre continua.
Decidiu não pensar naquele amor novamente, apesar da vontade, apesar do desejo ainda latente, não costumava sentir dor por mais de 24h, então antes de se machucar de verdade, tinha a incrível mania de sempre pular fora primeiro em seus relacionamentos. Pisando no cigarro ela apagava a possibilidade dele queimar até o fim, pois mesmo podendo oferecer mais um pouco de prazer, corria o risco de se queimar se insistisse em tragar tudo aquilo.
Retirou outro cigarro da carteira ligeira e ofegante, e se permitiu então deitar por 5 noites seguidas com um, ate então, desconhecido que encontrou no cinema depois do bar. Escreveu muito sobre o fim do namoro e conseguiu não chorar nada. Tudo ali preso, ela foi liberando em orgasmos, em poemas e em músicas que acabara inventando nas noites de insônia. O choro não costumava ser seu forte.
Doía, mas cada novo cigarro, cada nova boca e corpo, feminino, masculino, singular ou plural, iam acalmando e massageando sua dor, seu peito e seu ego. Mas ela novamente disfarça, e decide então parar de fumar, assim como faz com o amor e o sexo de vez em quando. Joga fora a carteira de cigarros e logo logo vai entrar em crise de abstinência.

Alguns dias depois...

"Escrevo-te, mas não porque foi o que aprendi de melhor com você. Escrevo-te simplesmente porque foi o que de melhor me restou a fazer agora. Não cabem telefonemas, conversas... Tudo que tinha que ser dito, feito... Já foi. Pelo menos entre a gente. Agora falta entre ela e eu. E há muito que ser dito, feito...


Desenho-te então estas palavras porque só me restaram caneta preta e alguns papéis com espaço branco atrás. Ah, e um bocado de pensamentos também... Mas não vem ao caso, pois escolhi estar só e a solidão nunca é solitária, ela sempre chega acompanhada de pensamentos infindáveis.

Queria escrever que sinto sua falta e que nunca estive em uma situação como esta antes, assim sendo, está tudo muito novo, e por conta disso: Assustador. Pensamentos são inevitáveis, e eles vêm e vão, percorrem momentos, pessoas, medos, percorrem todo o meu íntimo, minhas características, minhas fraquezas e minhas forças também.

Aprendi com você /em tão pouco tempo/ coisas sobre mim e sobre toda a existência do universo. Mas estando com você desaprendi também coisas sobre mim, principalmente sobre o que sou capaz de sentir e de fazer... É, desaprendi coisas que tinha certeza que sabia fazer...

E estando agora sem você e seu olhar, sem você e seu corpo, e principalmente sem você e suas palavras, que sempre acompanham tudo isso junto (e me levam na bagagem para tantos lugares) é que vejo como te prefiro.

Não queria ter que escolher entre a amizade que tenho com ela e a história que acabou de começar entre a gente, mas que está tão boa, intensa e bonita, que tá fazendo dó de frear assim bruscamente. (ainda bem que já estávamos usando cinto de segurança há um tempo).

Não acho justo escolher."



Alguns dias depois...



"Escrevo-te, mas não porque foi o que aprendi de melhor com este tempo. Escrevo-te simplesmente porque é uma das coisas que a gente mais gosta de fazer, e porque estou feliz... Nem tudo que tinha que ser dito, feito... Já foi. Pelo menos entre a gente, acho que ainda cabem linhas para poemas com beleza. E agora já não falta tanto entre ela e eu. Não há mais muito que ser dito, feito... E não dá nem mais tempo de ter receios.

Desenho-te então estas palavras porque, graças a Deus, sempre me restam caneta preta e alguns papéis com espaço branco atrás. Ah, e um bocado de pensamentos também... que vem ao caso agora, pois escolhi não estar só, e a companhia é bom para isso, para compartilhar pensamentos e tudo mais.

Queria escrever que senti sua falta e que nunca estive em uma situação como aquela antes, assim sendo, está tudo muito novo, e por conta disso: Re-novador. Pensamentos foram e são inevitáveis, e eles vêm e vão, percorrem momentos, pessoas, medos, percorrem todo o meu íntimo, minhas características, minhas fraquezas e minhas forças também. que bom!

Desaprendi com você /em tão pouco tempo/ coisas sobre mim e sobre toda a existência do universo. Mas estando sem você aprendi também coisas sobre mim, principalmente sobre o que sou capaz de sentir e de fazer... É, aprendi coisas que tinha certeza que não sabia sentir...

E estando agora com você e seu olhar, com você e seu corpo, e principalmente com você e suas palavras, que sempre acompanham tudo isso junto (e me levam na bagagem para tantos lugares) é que vejo como te prefiro.

Não queria ter que escolher entre a amizade que tenho com ela e a história que acabou de começar entre a gente, mas que está tão boa, intensa e bonita, que faria dó frear bruscamente.

Então vejo que não preciso escolher, preciso sim é aprender a viver, ser sincera (principalmente comigo), ter mais calma, e fé no universo que de tão sábio que é, acaba resolvendo as coisas por nós. Só nos pede em troca, coragem!

E isso é uma das coisas que você, perto ou longe, me esina a sentir."




Você

Pensando em você eu fico aqui, mas só com o corpo...
A mente vai longe. Tão longe, que é capaz de te achar em qualquer lugar, te sequestrar e percorrer seu rosto, sorriso, corpo e claro, seu cabelo.
Quando volto com o pensamento,
percebo que por vezes passei muito tempo longe,
nas lembranças dos momentos, e criando alguns novos,
em que sempre a gente vai além...

Seu jeito de entrar em minha vida bastaria para me deixar assim apaixonada, mas além disso, você ainda inventou de ser assim, deliciosamente linda,
Encantando cada parte de meu cérebro e coração...
E dizem que quando estes dois estão encantados... As pessoas ficam assim,
como eu talvez esteja agora.

Posso te chamar de meu vício,
Não vejo mais motivos para não aceitar que, de fato,
Você vicia, provoca em mim sensações muito boas quando te tenho aqui,
E que quando passo muito tempo sem você...
É...
Não tenho como evitar aquela crise de abstinência.

Dentro de meus pensamentos, dentro de minha lógica,
Tentei entender,
mas cabe somente aos sentimentos esta parte de vícios...
e entende-los não é coisa fácil.

Caminhe então até aqui,
Assim, passos apressados como de costume...
Assim, com esta sua peculiaridade na fala e no pensamento...
Mas bem assim, leve e intensa como me agrada,
Como me encanta, como me liberta e me deixa tão sua ao mesmo tempo.

Caminhe até aqui e me abrace.
(Sacie-me.)

quarta-feira, 13 de março de 2013

A preguiça de Rosa

Rosa andava tão cansada, acostumada com isso de sono, preguiça, e todas as coisas que aproximassem ela do sofá... Afastando coisas como faculdade, rua, inglês e a correria do dia-a-dia. Assim, ia se acostumando com os pés descalços, a roupa largada, o cabelo preso. Assim também, ela ia me acostumando com a saudade.

Ela tem esta mania de encantar pessoas com seu jeito. Precisava apenas existir, sorrir, passar por aí com seu cabelo e preguiça, que já causava reboliço. Aí depois sumia dentro de um livro qualquer, (ou num seriado da tv)... E cada vez que aparecia de novo, em um e-mail, telefonema, ou na praia, sempre estava mais bonita!

O cansaço de Rosa dava a impressão de que “sim, tinha muita energia”, mas com algumas coisas realmente não valia a pena gastá-la. Usá-la com coisas tão repetidas não era nada atraente para ela. E demonstrava então este cansaço de viver, o dia-a-dia, o igual... Ultimamente tinha a preguiça assim, como um bichinho de estimação, querido, que precisava de seu carinho, carregando ela pra muitos lugares.

Certa tarde, Rosa chegou em minha casa com a sua preguiça, estava grande! (devia estar cuidando bem dela...) e então se deitaram em minha cama, as duas, barriga para cima, sorriso sempre no rosto. Elas me chamaram e como de costume, fui. Percorremos com palavras os lugares que nunca imaginei ir, usamos e abusamos da criatividade, imaginação, e as horas iam passando por nós três sem que percebêssemos. Na verdade nem lembrávamos delas...

Algo precisou acontecer para que a gente entendesse que já anoitecia. As risadas e as conversa sobre o mundo, as coisas, as pessoas e os sentimentos foram interrompidas por um bater na porta da sala, forte, que me fez saltar da cama. Não esperávamos ninguém. Nos entreolhamos e fui então ver quem era. A preguiça de Rosa não deixou ela levantar e ficaram as duas lá me esperando trazer notícias.

- Boa noite Rita.

Era meu vizinho do 302, parecia irritado. Respondi tentando mostrar que estava ocupada, mas ele não deve ter notado, e continuou...

- Rita, a gente precisa conversar. Já são 22h, estou com criança em casa, não sei se você viu, mas minha esposa voltou ONTEM da maternidade, e seu som, sua festa... olhe Rita, não queria chegar a este ponto sabe? Nunca tive problemas com vizinhos, e ...

- Mas...

- Rita, continuou ele, - Só queria pedir primeiramente com delicadeza, mas espero não precisar voltar aqui... Passar bem!

E se foi, entrou em casa, me deixando parada na porta, em estado de choque... Que festa ele estava falando? Fiquei sozinha em casa o dia todo, a Rosa chegou com a preguiça só de tarde e nós três não saímos da cama até agora... Voltei pro quarto, (a Rosa me chamava repetidas vezes, ainda deitada). Notei que o som realmente estava ligado, abaixei o volume, estava no 70, isso me fez notar que realmente estava alto, falei com Rosa do ocorrido, e ela rindo me puxou pra cama, dizendo que prometia falar baixo, foi aí que notei que, também, realmente ríamos e conversávamos muito alto.

Deu 23h e a preguiça começava a demonstrar sono, desliguei o som para não atrapalhar nem ela, nem o bebê do vizinho. Rosa tentava colocar a preguiça para dormir, ficamos então conversando baixo, rindo baixo, trocando todos os nossos olhares e carinhos.

A preguiça dormiu!

Levei-a com cuidado pra sala, voltei, trancando a porta do quarto, e Rosa já estava de pé, veio correndo me abraçar, aquele abraço forte, demorado e quente... Foi então que voltamos para a cama... Desta vez sem preguiça, e enquanto ela dormia, nós nos devorávamos pela madrugada.






Angélica

Ainda frio, ainda só...

E assim terminava mais um dia, como já terminaram tantos outros em sua vida. Hoje pelo menos, sentia algo novo e diferente... Sentia saudade.

Saudade, talvez fosse a palavra menos conhecida por Angélica, que sempre insistiu em afirmar para todos e para si mesma que a vida se faz só, se faz livre e se faz segundo a própria vontade, e sempre na novidade, nada mais.

Hoje, no entanto, já fazia horas que ela estava ali no sofá da sala, pensativa, quieta. Quieta era a segunda palavra menos conhecida por Angélica.
Mas nada permanece igual, assim, para sempre...

Ainda tentei me aproximar dela depois da maldita /bendita primavera, mas foram tentativas falhas, a sua alegria, o seu bom humor e a nossa semelhança na paixão pelo álcool pareceu sumir, junto com as flores que derreteram no verão daquela cidade pequena.
Acontece que Angélica nunca havia se apaixonado de verdade...

A conheço desde o jardim de infância! E entre idas e vindas das nossas vidas, nos reencontramos na faculdade, fazendo cursos diferentes, mas atuando no mesmo grupo do Diretório Central dos Estudantes-DCE, onde lutamos contra tudo que podíamos, inclusive contra a sociedade capitalista, nos pintamos, ocupamos reitoria e viajamos pelo Brasil afora.

Angélica, talvez pelo signo e orixá, sempre foi bastante entregue para a vida e para as surpresas que aparecem. Gostava muito de comprar passagens só de ida para os lugares e fumar todos os cigarros e possibilidades possíveis.
Tinha o cabelo longo com seu olhar e a boca semelhante a um imã para homens e mulheres. Mesmo assim nunca se apaixonou. O que é muito diferente de nunca ter tido relações profundas com as pessoas.

Hoje ela não quis sair comigo, nem com o Jorge, nem com o Marcelo, nem com a Aniele da rua de trás. Hoje Angélica preferiu sofrer, e este verbo realmente não era conjugado no vocabulário dela, não passava nem por perto.
Mas hoje ele foi eleito como verbo novo, necessário e bem vindo, na conjugação do presente.

Sendo assim, decidi dar um tempo para que Angélica, que sempre conheceu tantos lugares e pessoas novas, pudesse conhecer agora palavras, conjugar verbos, decifrar sílabas... No tempo dela... Mas parece que por vezes me pego querendo ajuda-la, levar para ela uma gramática atualizada, um dicionário que comprei em Cuba, uma cerveja daquelas que a gente adora.
E não posso.
Não preciso nem dizer que Angélica se apaixonou né?
Sim, ela desta vez se apaixonou, e por ironia do destino, não foi correspondida. Tratava-se de uma mulher mais velha, séria e de Touro, com ascendente em Peixes, um amor de pessoa, pronta para casar e morrer de ciúmes de Angélica, mas exatamente por ser ao contrário do já previsto, surgiu como vento, bagunçou as ideias e o coração de minha amiga, levantou seu vestido de certezas, espalhou as cinzas de cigarros variados pela sala limpa e se foi.

Angélica em quatro meses se entregou como nunca havia se entregado, amou como nunca havia amado e ficou.
Ficou na mesma sala, no mesmo sofá, mas não mais com as mesmas certezas, e sentiu saudade.
Ficou quieta e sofreu.
Não vai ser nada eterno, pois assim como ela dói, ela passa. A dor, a saudade e o amor não correspondido, passam. Tudo passa e queria dizer isso a Angélica. Mas no mínimo ela vai me mandar tomar no cu e dizer que não sei de porra nenhuma.

Então só me resta esperar. Mas sei que não existe nem dor, nem amor eterno.

Acontece que acabar com uma dor que julgamos ser eterna dói, acabar com um amor que julgamos ser eterno dói mais ainda e isso qualquer um de nós pode falar, qualquer um sabe, menos Angélica, e isso ela vai aprender duro e dolorosamente só, assim como ela gostava de levar a vida.