terça-feira, 8 de abril de 2014

avante...

E assim... Querem nos calar!

Nos vencer pelo cansaço... E estaria fácil viu?

Andamos tão cansados...

Estamos todos cansados!

Esta vida cansa a gente... Este dia a dia cansa! A sala de aula cansa, o baixo salário cansa, a falta de condições de trabalho, o calor e a falta de água na minha escola me cansa, a realidade de nossos estudantes, a gritaria num recreio sem pátio, a violência diária nas escolas, a violência deles com eles e a violência deste sistema para com eles. Isso tudo cansa! E estamos decididamente... Cansados...

O ruim... É acostumar

... E o pior... É achar isso tudo normal!

Achar normal isso tudo é mais perigoso do que a imposição “guela abaixo” que a prefeitura está fazendo conosco através dos pacotes de educação e do pacto de gestão. Mas a falta de diálogo e esta estúpida política de imposições ainda é menos perigosa do que o nosso silenciar!

Ficar calado não é um ato de neutralidade.

Aliás, não existe neutralidade.

E ficar calado é tomar posição sim!

Ficar calado perante tudo isto que está acontecendo é pactuar com isso, é confirmar o que eles pensam de nós. Eles acham que não sabemos o que estamos fazendo, que qualquer coisa que nos enviarem vai ser acatado, porque não temos argumentos suficientes para dizer sim ou não. E dizer não tá sendo tão perigoso, que chega nos "cansa" só em pensar no trabalho que vai ser dizer NÃO para eles.

No desgaste... Andamos tão cansados né?

É nisso que eles se garantem e cada vez mais, num sorrateiro golpe, estão padronizando a educação, como um bolo, que tem aquela receita pronta na internet. Basta copiar e colar.

Educação não é pacote!

E o fracasso da educação pública não é a falta de farda verde, não é a falta de um livro "impositivo", não é ler “x” palavras em “x” minutos pelo alfa e beto, não é!

O tamanho do fracasso da educação pública não pode ser medido em provinha brasil, nem em IDEB, nem em nenhuma destas avaliações também medíocres. Notas em duas ou três disciplinas não falam quem são estes estudantes, nem em que condições eles estão vivendo, em que condições eles estão estudando, nem em que condições seus professores, diretores e funcionários da escola estão vivendo/sobrevivendo.

Medir nota, fazer projeções em números, querer alcançar metas, somar pontos, isso não conta qualidade de vida ou de educação. Isso conta sim na hora da campanha eleitoral. Número é para ele se dar bem, não para nossos estudantes serem pessoas melhores.

E eu sei que a gente quer estudantes melhores, pessoas melhores!

Estamos vivendo um momento assustador e poucos estão percebendo, porque o cansaço nos impede de perceber as coisas em sua complexidade...

Porque afinal... perceber cansa! Perceber isso tudo que está acontecendo assusta e cansa!

E agir cansa!

Mas descansar e calar... Isso está fora de cogitação!

A luta continua, não podemos deixar que ditem como fazer, ainda mais quando este "como fazer" agride princípios de autonomia da escola e do professor.

O que eles querem é que os números falem, mas esquecem que nós também falamos! Nossa voz não será calada por ofícios circulares, não será calada por pactos surreais, tão surreais, quanto a obrigatoriedade de sua assinatura e a gratificação dada ao gestor que impossivelmente conseguir cumpri-lo.

Se a educação não der certo (leia-se: Se o pacto não for cumprido pelo menos 70%), a culpa de não ter dado certo vai ser da equipe diretora das escolas.

Se o sistema "impositivo" ou o alfa e beto não der certo, a culpa vai ser dos professores. Claro!

E é capaz de nosso cansaço falar "sim" pra tudo isso...

Afinal, "estamos tão descompromissados com a educação!"

Quer saber?

Chega!

Chega de aceitar as verdades verdes, digo... Deles.

Nós não somos descompromissados!

E nós temos opinião. E se eles não perguntam, nós vamos gritar!

Quero ver tanta mão assim para calar tanta boca!

Quero ver tanto ofício circular para ameaçar tanta gente assim!

Quero ver quem vai nos vencer pelo cansaço quando escutarem estas vozes altas, fortes, estas cabeças pensantes gritando que sabem o que querem.

Vamos unir forças professores!

Vamos discutir politicamente e pedagogicamente estas e outras tantas questões que estão acontecendo em nosso dia a dia!

Vamos pensar a educação que queremos!

O nosso cansaço é real, mas não vamos o deixar ser mais forte do que nossa indignação!

Silenciar é mais perigoso do que falar. A educação e o mundo que queremos não vão acontecer do jeito que queremos se nos calarmos!

Nossa voz é mais forte do que imaginamos e foi esta nossa voz que nos trouxe até aqui.

Os avanços e as vitórias não surgem do silencio.

O silêncio é o mais fácil de fazer, mas o que queremos e sonhamos não cabem no silêncio.

E nosso cansaço com certeza não é, nem nunca será maior do que nossos sonhos!

Avante professores!

União e luta