quarta-feira, 7 de agosto de 2013
"Assim como faz com o amor"
Bunda, peito, tudo em seu devido lugar, assim, pele quente e negra, cerveja sempre gelada no copo, batom sempre vermelho nos lábios carnudos. Notava-se que ela se permitia sentir, pensar e fazer, guiada pelos seus impulsos criativos. Poderia então ter saído daquela roda, daquele meio de conversas quase agressivas do bar. Mas até então não havia mais para onde ir. Agora bastava beber até vomitar. Vomitar é melhor do que morrer engasgada de tanto tentar engolir, como quase fez com o amor mais cedo.
Mas, ela disfarça, e dá um trago no cigarro profundamente, assim como faz com o amor de vez em quando. Então solta a fumaça e o cabelo, pra se sentir menos exposta no meio daqueles olhares sedentos. Olha pra baixo na intenção de achar motivos, inspiração, ou algo melhor que aquela música chata, que aquela saudade louca. Nada. Levanta o rosto, joga e pisa o cigarro ainda aceso, como faz com o amor de vez em quando. Saindo então pela mesma porta... Pela mesma e maldita porta que chamam de vida. O problema é que a vida sempre continua.
Decidiu não pensar naquele amor novamente, apesar da vontade, apesar do desejo ainda latente, não costumava sentir dor por mais de 24h, então antes de se machucar de verdade, tinha a incrível mania de sempre pular fora primeiro em seus relacionamentos. Pisando no cigarro ela apagava a possibilidade dele queimar até o fim, pois mesmo podendo oferecer mais um pouco de prazer, corria o risco de se queimar se insistisse em tragar tudo aquilo.
Retirou outro cigarro da carteira ligeira e ofegante, e se permitiu então deitar por 5 noites seguidas com um, ate então, desconhecido que encontrou no cinema depois do bar. Escreveu muito sobre o fim do namoro e conseguiu não chorar nada. Tudo ali preso, ela foi liberando em orgasmos, em poemas e em músicas que acabara inventando nas noites de insônia. O choro não costumava ser seu forte.
Doía, mas cada novo cigarro, cada nova boca e corpo, feminino, masculino, singular ou plural, iam acalmando e massageando sua dor, seu peito e seu ego. Mas ela novamente disfarça, e decide então parar de fumar, assim como faz com o amor e o sexo de vez em quando. Joga fora a carteira de cigarros e logo logo vai entrar em crise de abstinência.
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