Senti então aquele frio na boca do estômago, que eu sei, não tem boca, e isso aqui não tem nada de frio, mas a gente acaba falando "frio na boca do estômago", porque todo mundo entende esta descrição, sei lá... A gente fala cada coisa esperando que a pessoa vá entender, mas que não é exatamente o que cê queria dizer, nem o que cê tá sentindo.
E eu tava sentindo era medo, senti uma coisa estranha que ninguémo vai saber o que é, porque quem sentiu fui eu.
Ali, parada em sua frente - congelada em sua frente -
Senti medo do meu medo, mas os sentimentos vêm sem que a gente queira e o mundo espera que a gente saiba lidar com eles.
As pessoas esperam que a gente saiba lidar com eles.
E eu queria saber lidar com eles.
Meio caminho andado, meia estrada que encontrei. Assim com uma cratera no meio dela que não dá para a gente passar pro outro lado. A não ser que a gente desça na cratera, passe pelas pedras gigantes e ainda quentes, deve ter caído um meteoro aqui... E somente desta forma escale para subir novamente na estrada, que, como sempre, continua.
Entrar na cratera exposta na estrada é arriscado, mas é o único jeito. Não tem beiradas, não tem contorno.
Sentir a cratera para conseguir passar dela é uma arte. E exige preparo... mental.
Mente
Preparadamente
Destorce o preparo, entrega a mente, desfalca a atitude, que sempre se tinha por aqui.
Me peguei com medo de minha falta de ação, no meio de meus devaneios ia me perdendo na cratera gigante exposta em mim, por você.
Sua presença me faz crateras, me deixa em carne viva, e me faz descompassar nos passos outrora tão firmes e cheios de razão, certezas...
Senti naqueles minutos meu ser diminuir diante de sua vidência, e sua sensibilidade me diluiu a quase nada.
Perco tempo, passa hora, assustadoramente me vejo caminhando no escuro. Tudo aqui está diferente, já não respiro nem penso como antes, o processo é frenético, faltam poucos dias para ir distante e este tempo me que resta não cabe em mim, não sei o que fazer com ele, não sei sentir com ele, assim, passando ligeiro. E você insiste em me martelar a carne. Então te adoeço sem querer, e me aqueço numa febre emocional, demonstrando meu medo de amar neste buraco profundo que acabei de entrar.
Meus passos e meu jeito de me entregar são tão perversos quanto as tuas marteladas, e cada um deve ter o seu modo de sofrer tudo isso. Saber lidar com o amor que me cabe é tão difícil quanto saber lidar com o seu amor e sua maneira de expressar. Não menospreze quem te quer tão bem, mastigue com calma e vamos saborear antes de engolir. O peito dói, a boca amarga e sinto palpitar forte um coração tão carente quanto estes mundos: o meu e o seu.
Não tem escapatória, estamos dentro da cratera e desistir aqui não é uma possibilidade, não condiz com a vida toda que temos pela frente, nem com este amor todo que temos por todos os lados. Segure firme minha mão e meu medo, segure firme tudo que sente, pois por aqui estou tentando segurar também. Estou aprendendo a lidar com o amor e com esta dor toda de amar, de doar, de cuidar.
Não martele o coração que te carrega desde o dia que te conheci, que não soltarei de sua mão com anéis coloridos. Me desculpe assim todo mal entendido, ou qualquer outra forma de confusão, causada pela nossa comunicação...que não vai muito bem, obrigada. digo...perdão.
Não me deixe na cratera sozinha, com este medo todo no peito.
Me de a mão, me de o pé, me de o coração, me de e se permita viver esta paixão. Creio que você também tem medo, isso aqui é assustador, bate um susto, ligo um carro... Sem motor, peço ajuda, faz de conta, pegue o lápis, faz a ponta, escreve que me ama, assim, neste guardanapo que peguei do chão...
Mas não solte de minha mão, que juntas somos mais fortes que este lugar escuro. Vamos subir, ver a luz do dia, descomplicar a vida, buscar alegria... Tenho medo, assim como qualquer pessoa, mas venha mais um passo que a gente se bate, se junta, se mistura, embola este medo todo... do amor e da chuva. (Que inventou de cair também por aqui)
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