quarta-feira, 15 de abril de 2020

descrevendo

Meu amor se exibiria, desfilando na sala empoeirada, e rodopiando entre
cadeiras e tapetes ele iria...

Meu amor se mostraria, sorrindo diretamente para mim, penetrando em minha
alma sua alegria. E seguiria correndo (...) ladeira abaixo, descompassado,
descontrolado, levando tudo, levando o mundo.

Quem sabe?

Quem sabe o que seria de mim sem este amor que nasceu aqui... Berrando
forte o primeiro choro e crescendo em meu coração mais ligeiro que o
fogo quando se alastra em mato seco.

Se o amor que sinto tivesse cara, teria cara de fome saciada e
vestiria uma camiseta rosa bebê.

ele não usaria calcinha, ou cueca.

Sacudiria os cabelos longos ao vento e me olharia profundo, sempre que
eu pensasse em ter medo.

Meu amor...

Meu amor não teria um idioma, seu grito entranharia em qualquer
continente, boca, língua e nação.

Dançaria comigo em floresta fechada,deitado, assim, na poça de lama que acabou de se formar da chuva pesada,
com todo este resto de folha em decomposição.

Não imagino meu amor sem mãos...

Meu amor teria mãos de periferia e me pegaria forte do
ombro aos quadris. Meu amor não ousaria me soltar por nada deste
mundo, e suas marcas eu faria questão de guardar, em um pedaço de minha cabeça.

Tão crua... tão sua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário